APED promove fórum de debate sobre futuro sistema de depósito de embalagens de bebidas

7-12-21

Partilhar experiências, refletir sobre impactos para o setor da Distribuição e conhecer perspetivas de diferentes stakeholders sobre a implementação de um sistema de depósito de embalagens de bebidas em Portugal constituíram o ponto de partida para o fórum de debate realizado esta terça-feira pela APED.

Na abertura da sessão, o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, assinalou a importância do contributo dos projetos-piloto em curso para ajudar a tutela a conceber um sistema de depósito de embalagens robusto, no entanto a realidade atual “assemelha-se a um quadro em branco por preencher”, com o Ministério do Ambiente a tardar em dar a conhecer critérios e as linhas-mestras de funcionamento. Essa realidade constituiu a principal motivação para a APED promover este fórum de debate, com o objetivo de analisar diferentes experiências e consolidar que papel deve o setor do Retalho ter no futuro sistema de depósito de embalagens.

O primeiro painel do fórum, intitulado “A experiência dos projetos-piloto: principais impactos na distribuição”, apresentou alguns projetos-piloto em desenvolvimento e os seus principais resultados obtidos, com a perspetiva da entidade gestora e a visão dos retalhistas participantes. “Bebidas+Circulares” (Lisboa), com a visão da APED e da Sonae MC, à qual acresceu a apresentação de dados do estudo desenvolvido pela Universidade Nova; “Reciclar a valer +” (Mafra), com contributos da Novo Verde e da Jerónimo Martins, e “IREC” (Cascais), apresentado pela CascaisAmbiente e Lidl, foram as iniciativas dadas a conhecer neste painel.

O momento seguinte da sessão deu a conhecer a experiência de um sistema de depósito em funcionamento, na Noruega, apresentando o enquadramento legal, as características técnicas e operacionais, desde a devolução das embalagens até ao seu transporte, tratamento e valorização, e fees envolvidos, dando a conhecer o papel do Retalho nesse mesmo sistema.

O debate “Visão sobre as linhas orientadoras do futuro sistema de depósito” começou por trazer as linhas mestras propostas pela Associação SDR Portugal para o futuro sistema de depósito a implementar em Portugal, no qual pretende ser a entidade gestora, propondo um projeto que abranja a totalidade do território centralizado numa nova entidade sem fins lucrativos que reúne o contributo de embaladores e retalhistas. A SDR Portugal propõe-se gerir o SDR pela eficiência e economia de meios e defende a existência de uma entidade gestora única por ser esse o modelo predominante nos SDR europeus e por não ser financeiramente sustentável oferecer múltiplos sistemas concorrentes.

Entre as previsões dadas a conhecer salienta-se as mais de 3.600 máquinas de devolução de embalagens a instalar, o envolvimento de 2.900 retalhistas e 77 mil espaços HORECA. Ao nível de investimento, o SDR deverá levar à criação de mais 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos, investimentos diretos no sistema estimados em mais de 100 milhões de euros, um montante anual de valores de depósito de cerca de 300 milhões de euros e a duplicação das capacidades nacionais de reciclagem de PET, que levará à duplicação da quantidade de PET retomado (mais de 20 mil toneladas/ano) com alta qualidade.

Este painel contou ainda com a participação de representantes da Mercadona, Auchan e Dia, que apresentaram a sua visão sobre os desafios futuros do SDR, os impactos que perspetivam ao nível operacional e financeiro, a metodologia de devolução do depósito, o período de preparação para a implementação, e os aspetos legais que esperam que sejam clarificados pelo Governo, apelando a que o sistema seja eficiente, de fácil gestão e conveniente para o consumidor.

O último painel do fórum de debate apresentou as soluções existentes no mercado de RVM (Reverse Vending Machines), com vários fabricantes de máquinas usadas em outros SDR europeus a demonstrarem o leque de máquinas existentes no mercado.

Com esta iniciativa, a APED voltou a liderar o debate em torno do futuro sistema de depósito de embalagens, reunindo um leque diversificado de stakeholders numa discussão que se revelou enriquecedora, com informação com valor e partilha de experiências nacionais e internacionais que formam um contributo essencial para a constituição de um sistema de depósito robusto e eficiente em Portugal.

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